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A ciência descobriu que os dentes do siso possuem células-tronco capazes de gerar cartilagem e neurônios.

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Você sabia que os dentes do siso são mais importantes do que a gente costuma imaginar? Uma pesquisa na Espanha revelou que eles possuem uma forma única de células-tronco humanas capazes de criar ossos, tecido cardíaco e até neurônios! Esses quatro dentes extras, que ficam no final da mandíbula, têm uma parte chamada polpa dentária, que mantém o dente vivo. Essa polpa é cheia de células imaturas que os cientistas da Universidade do País Basco conseguiram transformar em diferentes tipos de células. E tem mais: essas células podem ajudar no tratamento de circuitos cerebrais danificados por doenças ou traumas. O Dr. Gaskon Ibarretxe, que liderou o estudo, conseguiu transformar células da polpa em pseudoneurônios que respondem eletricamente, demonstrando atividade semelhante à de neurônios reais.

Além disso, as células-tronco do siso têm algumas vantagens interessantes. Elas conseguem construir tecido mineralizado mais rápido do que as células da medula óssea. Cientistas já usaram secreções dessas células para melhorar a função cardíaca em camundongos com insuficiência cardíaca e, em laboratório, elas depositam colágeno e cálcio de forma organizada, o que é promissor para reparo de cartilagem. Do ponto de vista prático e econômico, elas são uma ótima fonte de células-tronco. Diferente da medula óssea, que exige injeções dolorosas, ou das células embrionárias e placentárias, que levantam questões éticas, os dentes do siso podem ser coletados de forma simples e segura. Afinal, quase todo mundo nasce com dentes do siso, e eles costumam ser extraídos na adolescência, quando ainda estão em boas condições. São cerca de 10 milhões de dentes do siso removidos por ano, e é possível enviá-los para bancos de células na Europa. Existem kits específicos, como os da empresa Stemodontics, que facilitam esse processo: o dente é colocado em um frasco com gelo seco e enviado ao laboratório, onde a polpa é extraída e preservada para uso futuro. E tem mais: guardar os dentes do siso pode ajudar a diminuir a fila de doadores compatíveis, já que eles podem ser usados sem risco de rejeição, pois vêm do próprio paciente. Além disso, essa prática pode gerar uma economia significativa no futuro, caso esses tratamentos com células-tronco se tornem comuns e eficazes.