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Migração de brasileiros ultracapacitados cresce nos EUA em meio à alta de deportações nos últimos anos

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A quantidade de brasileiros altamente qualificados que emigram para os Estados Unidos cresceu a níveis recordes em 2024, apesar dos números também inéditos de deportações registrados no ano passado.

Nos oito primeiros meses de 2024, foram emitidos 2.142 vistos EB-1 e EB-2, destinados a profissionais do Brasil com habilidades extraordinárias e grau acadêmico avançado — um crescimento de 58% em relação ao mesmo período de 2023 —, segundo dados do Departamento de Estado levantados pelo escritório de advocacia imigratória AG Immigration.

O número também já é maior do que a soma de emissões de 2018 a 2021, assim como já supera o volume de 2022 inteiro.

E, segundo especialistas em imigração, a expectativa é que as emissões até o final de 2024 tenham ultrapassado também as de 2023 (os dados até dezembro ainda não foram divulgados pelo governo americano).

Paralelamente, os primeiros dois meses de 2025 foram marcados por deportações em massa de imigrantes irregulares, principalmente da América Latina, como parte da política anti-imigração do novo presidente Donald Trump. Mas até agora não houve mudanças nas regras para emissões de vistos para trabalhadores qualificados.

O bilionário Elon Musk, que chefia o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental e é sul-africano, vem defendendo que os EUA mantenham as portas abertas para profissionais capacitados de todo o mundo.

No Brasil, as estatísticas referentes aos trabalhadores qualificados emigrando colocam ainda mais pressão no país e em sua batalha contra a chamada "fuga de cérebros".

Os vistos chamados de EB-1 e EB-2 são utilizados pelo governo americano para atrair talentos internacionais das mais diversas indústrias, como pesquisadores, professores universitários, engenheiros, pilotos de avião, economistas e estatísticos, além de profissionais de áreas como tecnologia, RH e da saúde.

Ambos possuem categorias que permitem ao imigrante conseguir o green card - o cartão de residência permanente nos Estados Unidos - sem ter uma oferta de emprego.

"Muitos dos que imigram escolhem os Estados Unidos, porque encontram oportunidades melhor remuneradas no país", explica Leda Oliveira, CEO do escritório especializado AG Immigration.

"A conta que muitos fazem é simples: 'Vou morar em um país de primeiro mundo, com mais segurança e melhores oportunidades de educação para minha família, ao mesmo tempo em que sou mais valorizado como profissional'."